Uns conhecem-no do teatro, outros da televisão e cinema, outros ainda da sua estreita relação com a poesia e literatura.
Pedro Lamares nasceu em 1979. Estudou teatro na Academia Contemporânea do Espectáculo, área na qual trabalhou com mais de uma dezena de autores.
No cinema participou em filmes dos realizadores João Botelho, Jorge Paixão da Costa, Vítor Gonçalves, Joaquim Leitão e António Pedro Vasconcelos.
Na Televisão apresentou os programas ‘ Literatura Agora’ e ‘Literatura Aqui’ (RTP2) onde, com Filipa Leal, faz escolha e gravação de textos. Atualmente cumpre as mesmas funções no programa ‘Nada será como Dante’. Integrou o elenco principal de oito novelas em Portugal (TVI) e uma no Brasil (BANDEIRANTES / RTP1). Integrou o elenco de várias séries da RTP, onde se destacam ‘O Atentado’, ‘3 Mulheres’ ‘A Espia’, ‘Filhos do Rock’ ou ‘República’ onde foi protagonista com Joaquim de Almeida. Na Poesia, dedica-se à escolha de textos e leitura em recitais e ciclos literários.
Nesse contexto criou e dirigiu espetáculos com Eunice Muñoz, Lúcia Moniz, António Capelo, Rui Spranger, entre outros. Participou em mais de uma dezena de festivais literários, nacionais e internacionais. Dirige espetáculos nas áreas do teatro, música e poesia. Criou vários projetos a solo e com músicos, que se mantêm em itinerância. É professor em escolas de teatro e formador na área da comunicação e leitura de texto. Desenvolve projetos de palestras e recitais para estudantes do secundário, como ‘Entre nós e as palavras’, apresentado várias dezenas de vezes nos últimos anos e ainda dirigiu dois grupos juvenis de teatro.
Pedro Lamares é presença assídua na Malhadinha, onde já presenteou convidados com algumas declamações na sua voz inconfundível. Desafiámo-lo
a responder a algumas perguntas:
. Conexão;
. Aventura;
. Família.
O poema II do Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro:
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
Entre o prazer de desfrutar de vinhos extraordinários, as galopadas a cavalo entre vinhas, o mergulho na natureza com as quatro estações a mudarem-lhe formas e cores e os momentos de partilha humana com a imensa generosidade da família Soares, a soma de momentos de amor, deslumbramento, inspiração e conforto, tornam a Malhadinha um lugar de regresso, de chegada a casa, incansável e irrepetível.
O Obelix havia de adorar conhecer o porco preto alentejano (todos os da herdade, num almoço, que esse era mais dado à devoração do que à degustação). Durante a tarde, com o Alberto Caeiro, aprenderia a olhar a natureza. À noite, beberia um Pequeno João ou um Marias da Malhadinha com o Leonard Cohen que, não sendo de ficção, será sempre uma fixação.